domingo, 15 de junho de 2014

Revoltas coloniais no Brasil


As revoltas ocorridas no Período Colonial costumam ser divididas didaticamente em Nativistas e Separatistas.
REVOLTAS NATIVISTAS
Foram movimentos de protesto contra o excesso de exploração por parte de Portugal, bem como, conflitos internos entre grupos rivais, mas sem qualquer pretensão de independência. As principais foram:
A Revolta de Beckman
Ano: 1684
Local: Maranhão – São Luís
Causa e Objetivo: A Companhia do Comércio do Maranhão não estava agradando os colonos: eles traziam um número insuficiente de escravos e cobravam caro por eles. Também adulteravam preços e medidas e seus produtos eram de má qualidade. A população então, passou a se sentir roubada com isso e organizou essa revolta com o objetivo de acabar com a Companhia e expulsar os jesuítas da cidade, além de assumir o governo de São Luís.
Líderes: Manuel e Tomás Beckman
Consequências: Os objetivos propostos pela revolta foram cumpridos, mas quando o movimento tentou se estender para Belém, foi facilmente controlado pelas tropas reais, comandadas por Gomes de Freire de Andrada e fracassou. Tomás Beckman foi preso e seu irmão Manuel, condenado à morte. O Colégio dos Jesuítas e a Companhia do Comércio do Maranhão foram reabertos, mas aos poucos, este último devido a sua ineficiência, foi se extinguindo. Ou seja, a revolta não foi bem sucedida, mas pelo menos, a Companhia que tanto não satisfazia as necessidades da população acabou fechando devido à sua própria incapacidade.
A Guerra dos Mascates

Ano: 1710 a 1711
Local: Pernambuco – Recife
Causa e Objetivo: A Guerra dos Mascates foi um conflito entre Olinda e Recife. Na época, os senhores de engenho de Olinda, estavam em má situação econômica, pois as Antilhas holandesas haviam aberto concorrência com a produção açucareira do Nordeste. Assim, para cobrir suas despesas, esses senhores criaram uma dívida com os comerciantes de Recife, fazendo surgir uma rivalidade entre esses povoados. Olinda não pretendia acertar o que devia com os mascates, como haviam sido apelidados depreciativamente os recifenses. Esses últimos, lutavam por sua autonomia política, já que eram administrados por uma câmara de Olinda. Na verdade, essa luta pela autonomia de Recife tinha o interesse de executar as dívidas com os senhores de Olinda. Essa disputa de interesses, adquiriu ainda um caráter nativista, pois a aristocracia olindense era de origem pernambucana e os mascates de recife, imigrantes portugueses. No ano de 1770, a Coroa portuguesa apoiou os mascates elevando Recife à condição de vila independente de Olinda. Esse foi o estopim para o início do conflito.
Líderes: Bernardo Vieira, Leonardo Bezerra Cavalcanti
Consequências: Os senhores de engenho olindenses não concordaram com a independência dos mascates e invadiram Recife, destruindo o pelourinho (símbolo de autonomia recém-conquistada). Os mascates reagiram, e o conflito continuou. Depois, Portugal interveio, querendo conciliar os dois lados, mas mesmo assim, os mascates de Recife se beneficiaram, mantendo sua independência e tornando-se política e economicamente mais importantes do que Olinda.
A Guerra dos Emboabas
Ano: 1708 a 1709
Local: região das Minas Gerais
Causa e Objetivo: Logo depois da descoberta do ouro, começaram os conflitos. Os paulistas, que haviam encontrado primeiro, achavam que tinham o direito exclusivo sobre elas. Mas os forasteiros (portugueses, baianos e pernambucanos) também tinham interesses nessa nova descoberta. Eles foram chamados de emboabas. Ou seja, o objetivo da Guerra dos Emboabas era conquistar as minas de ouro das Gerais.
Líderes: Manuel Nunes Viana (emboabas) e Borba Gato (paulistas)
Consequências: Dado o início dos conflitos, os emboabas foram conquistando muitas vitórias, pois eram mais ricos. Os paulistas foram recuando até chegar perto de um rio, nas proximidades de São João Del Rei. Lá foram cercados pelos forasteiros e acabaram firmando um acordo de paz: os paulistas se rendiam e os emboabas lhes davam liberdade. Os paulistas, sem outra alternativa, se renderam, mas os emboabas, não cumpriram sua parte e mataram todos os inimigos, na região que viria a ser conhecida como Capão da Traição. Após os conflitos, a Coroa Portuguesa tentou pacificar a região, criando a Capitania de São Paulo e das Minas de Ouro e nomeando um novo governador. Já os paulistas, depois do episódio da Guerra dos Emboabas, abandonaram a região das Gerais e acabaram descobrindo novas jazidas em Goiás e Mato Grosso.
 A Revolta de Filipe dos Santos ou A Revolta de Vila Rica

Ano: 1720
Local: Vila Rica, na região das minas
Causa e Objetivo: Os donos das minas estavam sendo prejudicados com as novas medidas da Coroa para dificultar o contrabando do ouro em pó. A Coroa Portuguesa decidiu instalar quatro casas de fundição, onde todo ouro deveria ser fundido e transformado em barras, com o selo do Reino (nessa mesma ocasião era recolhido o imposto -de cada cinco barras, uma ficava para a Coroa portuguesa). Assim, só poderia ser comercializado o ouro em barras com o selo real, acabando com o contrabando paralelo do ouro em pó e consequentemente, com o lucro maior dos donos das minas. Então, esses últimos organizaram essa revolta para acabar com as casas de fundição, com os impostos e com o forte controle em cima do contrabando.
Líderes: Filipe dos Santos
Consequências: Os revoltosos realizaram uma marcha até a sede do governo da capitania em Mariana, e como o governador conde de Assumar não tinha como barrar a força dos donos das minas, ele prometeu que as casas de fundição não seriam instaladas e que o comércio local seria livre de impostos. Os rebeldes voltaram então para Vila Rica, de onde haviam saído. Aproveitando a trégua, o conde mandou prender os líderes do movimento, cujas casas foram incendiadas. Muitos deles foram deportados para Lisboa, mas Filipe do Santos foi condenado e executado. Assim, essa revolta não conseguiu cumprir seus objetivos e foi facilmente sufocada pelo governo.
REVOLTAS SEPARATISTAS
Buscavam a independência em relação a Portugal e suas causas gerais foram: influência do Iluminismo, o desejo do fim do monopólio, a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789). As principais foram:
Conjuração /Inconfidência Mineira
Ano: 1789
Local : Vila Rica ,na região das minas
Causas Locais: Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Americana. Os impostos exagerados sobre a mineração, assim como, o violento aumento da fiscalização e da repressão na região mineradora.
Líderes: Domingos Vidal Barbosa, José Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) entre outros.
Projetos: Implantação de uma República inspirada nos Estados Unidos, cuja capital seria São João Del Rei e o primeiro presidente seria Tomás Antônio Gonzaga; criação do serviço militar obrigatório; fundação de uma universidade em Vila Rica; instalação de fábricas por todo o país; amparo às famílias numerosas; manutenção da escravidão.
Consequencias:O movimento deveria acontecer no dia da Derrama, mas os rebeldes foram delatados por Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia Pamplona. Foram todos presos e submetidos a processo (Os Autos da Devassa), que durou três anos, e condenados à morte, mas apenas Tiradentes foi executado, pois todos os outros reconheceram que eram “culpados de traição” e foram degredados para a África.
Conjuração / Inconfidência baiana
Ano : 1798
Local :Salvador
Causas locais: Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa. Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade. Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos. Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos. Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana.
Líderes:Cipriano Barata,soldado Luís Gonzaga das Virgens,alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento.
Quem participou: pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos.
Objetivos: Defendiam a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;
Defendiam a implantação da República;Liberdade comercial no mercado interno e também com o exterior;
Liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e também da escravidão;Aumento de salários para os soldados.
Consequências:A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse. Vários revoltosos foram presos. Muitos foram expulsos do Brasil, porém quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador.

 

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