25 curiosidades sobre a
escravidão
1- Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo
português Martins Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que,
entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no
Brasil. Porém, alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro.
2- Os navios negreiros que traziam os escravos da África até
o Brasil eram chamados de tumbeiros, devido à morte de milhares de africanos
durante a travessia. Estas mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos
pelos escravos, pelas más condições de higiene e por doenças causas pela falta
de vitaminas, como no caso do escorbuto.
3- É possível traçar a origem dos escravos em três grandes
grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubás, também chamados nagôs,
predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos,
chamados de malês ou alufás; e o grupo dos bantos, capturados nas colônias
portuguesas de Angola e Moçambique.
4- Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de
“peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus
dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do
corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom
preço.
5- Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um
escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles
trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e
amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas
desdentadas.
6- Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo
ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes
do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim
que, de acordo com a tradição, surgiu a feijoada.
7- A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos
escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no
ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como
forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou
quando chegavam ao Brasil.
8- Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de todas as
festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a lenda, um
dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios, não se
mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos
escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.
9- Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os
5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmos jogos, baseados em personagens
fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a criança negra enfrentava
sua condição e precisava começar a trabalhar.
10- Cada senhor de engenho tinha autorização para importar
120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número
máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.
11- A cozinha era muito valorizada na casa grande.
Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos de origem africana,
como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina. A cozinha ficava
num anexo da casa, separada dos cômodos principais por depósitos ou áreas
internas.
12- Normalmente, divisões internas da senzala separavam
homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos casais aceitos
pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos com folhas
de bananeira.
13- Aos domingos, os escravos tinham direito de cultivar
mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender o excedente
na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois a momocultura de exportação
não dava espaço a produtos de subsistência.
14- Quando a noite caia, o som dos batuques e dos passos de
dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações culturais eram
admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso diminuia as chances
de revolta.
15- Com a expansão das cidades, multiplicam-se escravos
urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de galinhas,
barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro, levando baús,
barris, móveis e, claro, brancos.
16- Escravos de Ganho eram escravos que tinha permissão de
vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem
dos ganhos a seu dono.
17- Em algumas regiões, os escravos africanos eram divididos
em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português, resistindo à
cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o “crioulo”, o escravo
que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos recebiam melhor
tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção social.
18- Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da
escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas
senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda,
entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por inanição. A
forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.
19- Segundo alguns historiadores, a capoeira nasceu de um
ritual angolano chamado n’golo (dança da zebra), uma competição que os
rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a
idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de
habilidade e destreza.
20- A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do
tupi (kapu’era). Trazida para o Brasil por intermédio dos navios
negreiros, a capoeira foi desenvolvida nos quilombos pernambucanos do século
XVI. As características de luta e dança adquiridas no país podem classificá-la
como uma manifestação cultural genuinamente brasileira.
21- O berimbau é um instrumento de percussão trazido da
África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século
XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os
clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste,
que é fácil de envergar.
22- Até a abolição da escravatura, a lei punia os
praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a
1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração
dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getulio Vargas foi ver uma exibição, gostou e acabou com a
proibição.
23- Após a independencia do Brasil, em 1822, uma das
primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros frequentassem as
mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que temiam eles
pudessem transmitir doenças contagiosas.
24- O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a
Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como
escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.
25- Em 1823, D.Pedro I chegou a redigir um documento
defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos
depois.
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